terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fundo de Quintal

 
Criado no fim dos anos 70 a partir do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, no Rio de Janeiro, o grupo Fundo de Quintal tornou-se uma referência no estilo original do pagode. Composto principalmente por sambistas da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, o grupo teve Beth Carvalho como madrinha e se caracterizou por usar instrumentos até então pouco comuns em rodas de samba, como o banjo, o tam-tam e o repique de mão. Com vários discos gravados e Discos de Ouro e Platina, já ganharam o prêmio Sharp de música nove vezes. Alguns de seus maiores sucessos são "E Eu Não Fui Convidado", "Boca sem Dente", "Parabéns pra Você", "Andei, Andei", "Do Fundo do Nosso Quintal", "Só pra Contrariar", "Miudinho", "Não Vai na Conversa Dela", "Sonhando Eu Sou Feliz", "Malandro Sou Eu", "Tô Que Tô". Seus fundadores foram: Almir Guineto, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha, Ubirajara (Bira Presidente), Ubirany. Arlindo Cruz e Valter Sete Cordas entraram mais tarde. Atualmente o grupo é composto por: Ademir Batera, Cleber, Mário Sérgio, Ronaldinho, Sereno, Bira Presidente e Ubirany.


Zeca Pagodinho


 Foi descoberto em 1981 por Beth Carvalho em uma roda de samba do Cacique de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro, que o levou para gravar uma faixa em seu disco. Um ano depois foi convidado pela gravadora para participar de uma coletânea que reunia novos talentos do nascente pagode.

O LP "Raça Brasileira" foi um sucesso de vendas e execução. Seu primeiro disco solo, "Zeca Pagodinho", saiu em 1986. De lá pra cá não parou mais de gravar e emplacou diversos sucessos: "Quando Eu Contar (Iaiá)" (Beto Sem Braço/ João Meriti), "SPC" (com Arlindo Cruz), "Verdade" (Nelson Rufino/ Carlinhos Santana), "Posso até Me Apaixonar", "Não Sou Mais Disso". Ganhou vários Discos de Ouro e Platina.

Morador de um sítio em Xerém (RJ), conseguiu transpor fronteiras geográficas, trazendo para a zona sul carioca e para todo o Brasil o samba de partido-alto e pagode típico dos subúrbios. Zeca estava definitivamente no coração do povo. Mesmo receoso, encarava palcos de todos os tamanhos e para todos os públicos. Já foi atração do Directv Music Hall, do Claro Hall, do Canecão e do Teatro Municipal com casa cheia e exigência de shows extras. Depois que ganhou o Grammy, foi convencido a levar sua música para fora do Brasil. Logo o menino de Irajá estava cantando na Europa, África e América do Norte com a mesma naturalidade com que cantava nas rodas de samba do Cacique de Ramos.

Seu carisma levava as emissoras a disputarem sua presença a tapa. Com o jeitão desconfiado de sempre, Zeca freqüentou o sofá da Hebe, o palco do Faustão, Raul Gil e Gugu, a poltrona do Jô Soares e até a cadeira do irreverente punk João Gordo, da modernosa MTV. Aliás, foi na MTV que foi escrito o capítulo mais elegante da sua história. Com repertório escolhido a dedo e orquestra digna de um show de Luciano Pavarotti, o portelense colocou o samba em um ponto nunca antes alcançado: atração principal de um celebrado álbum acústico. "Acústico MTV Zeca Pagodinho" foi lançado em 2003 em CD e DVD tornando-se um sucesso instantâneo. A razão? Talvez porque no palco estava o homem que nunca perdeu o elo com seu povo, suas origens e sua essência.

Depois do sucesso do Acústico MTV, que teve 530 mil CDs e 210 mil DVDs vendidos, o sambista voltou às lojas com o seu 17° disco. Batizado de “À Vera”, o trabalho foi lançado em 2005. O disco contou com a produção de Rildo Hora e arranjos de Paulão Sete Cordas, Mauro Diniz e Leonardo Bruno. Além disso, traz participações especiais de Jorge Aragão, Seu Jorge, Marcelo D2 e da Velha Guarda da Portela, no samba "Coração Feliz”.

Beth Carvalho

 

Participava de programas de calouros desde criança, e estudou música na Escola Nacional. No início dos anos 60 participou de shows de bossa nova, e conseguiu projetar-se defendendo "Andança" (Danilo Caymmi/ Edmundo Souto/ Paulinho Tapajós) no Festival Internacional da Canção de 1968. Em 1971 gravou o samba-enredo "Rio Grande do Sul na Festa do Preto Forro", da escola Unidos de São Carlos, e desde então firmou-se como sambista. Celebrizou algumas interpretações de músicas de Cartola e Nelson Cavaquinho e foi a primeira a registrar o pagode do Cacique de Ramos no disco "Beth Carvalho na Fonte", de 1978, em números como "Vou Festejar" (Jorge Aragão/ Dida/ Neoci), "Ô Isaura" e "Marcando Bobeira". Fez grande sucesso com "Coisinha do Pai" (Jorge Aragão/ Almir/ Luís Carlos), do LP "No Pagode", de 1979. Outros êxitos foram "As Rosas Não Falam" (Cartola), em 76, A Chuva Cai" (Argemiro/ Casquinha), em 80 e "Virada" (Noca da Portela/Gilpert), em 81. Em 83, lançou Zeca Pagodinho em seu LP de então, "Suor No Rosto" com o samba "Camarão que Dorme a Onda Leva", três anos antes do estouro do cantor com o "boom" do pagode. Nos anos 90, seus sambas se afastaram das rádios, ficando mais restritos aos shows e aos discos. Neste período homenageou os sambistas paulistas (de raiz) com "Beth Carvalho Canta o Samba de São Paulo" (92) e fez um belo álbum de sambas animados em 98, "Pérolas do Pagode". Beth voltou às rádios populares apenas em 99, com o "Samba de Arerê" (Xande de Pilares/ Arlindo Cruz/ Mauro Jr.), do CD "Pagode de Mesa", gravado ao vivo. Outros sucessos de Beth Carvalho: "Folhas Secas" (Nelson Cavaquinho/ Guilherme de Brito), "1.800 Colinas" (Gracia do Salgueiro), "Saco de Feijão" (Francisco Santana), "Vou Festejar" (Jorge Aragão/ Dida/ Neoci), "Virada" (Noca da Portela/Gilpert), "Força da Imaginação" (Dona Ivone Lara/ Caetano Veloso), "Firme e Forte" (Efson/ Nei Lopes), "Malandro Sou Eu" (Arlindo Cruz/ Sombrinha/ Franco), "Fogo de Saudade", "O Show Tem que Continuar".

Cartola


Considerado o maior sambista da história por diversos músicos, Cartola nasceu no Rio e passou a infância no bairro de Laranjeiras. Dificuldades financeiras obrigaram a família numerosa a mudar-se para o morro da Mangueira, onde então começava a despontar uma pequena favela. Na Mangueira fez logo amizade com Carlos Cachaça e outros bambas, se iniciando no mundo da malandragem e do samba. Arranjou emprego de servente de obra, e passou a usar um chapéu para se proteger do cimento que caía de cima. Era um chapéu-coco, mas o apelido Cartola pegou assim mesmo. Com seus amigos do morro criou o Bloco dos Arengueiros, cujo núcleo em 1928 fundou a Estação Primeira de Mangueira, a verde-rosa, nome e cores escolhidos por Cartola, que compôs também o primeiro samba, "Chega de Demanda". Seus sambas se popularizaram nos anos 30 em vozes ilustres como Francisco Alves, Mário Reis, Silvio Caldas e Carmen Miranda. Mas no início dos anos 40, Cartola desaparece do cenário. Pouco se sabe sobre essa época além de que brigou com os amigos da Mangueira e que ficou mal depois da morte de Deolinda, a mulher com quem vivia. Especulou-se até que houvesse morrido. Cartola só foi reencontrado em 1956 pelo jornalista Sérgio Porto, trabalhando como lavador de carros. Porto tratou de promover a volta de Cartola, levando-o a programas de rádio e fazendo-o compor novos sambas para serem gravados. Em 1964 Cartola e a esposa Zica abriram um bar-restaurante-casa de espetáculos na rua da Carioca, o Zicartola, que promovia shows de samba e boa comida, reunindo no mesmo lugar a juventude bronzeada da Zona Sul carioca e os sambistas do morro. O Zicartola fechou as portas algum tempo depois, e o compositor continuou com seu emprego publico e compondo seus sambas. Em 1974 gravou o primeiro de seus quatro discos solo, e sua carreira tomou impulso de novo com clássicos instantâneos como "As Rosas Não Falam", "O Mundo É um Moinho", "Acontece", "O Sol Nascerá" (com Elton Medeiros), "Quem Me Vê Sorrindo" (com Carlos Cachaça), "Cordas de Aço" e "Alegria". Ainda nos anos 70 mudou-se da Mangueira para uma casa em Jacarepaguá, onde morou até a morte.

Carmen Miranda


Carmen Miranda é até hoje a cantora brasileira que mais fez sucesso no exterior. Dona de um estilo absolutamente único e particular, tanto na maneira de cantar como na performance de palco, teve uma vida de mito, cheia de glórias e dramas. Nascida em Portugal, veio para o Brasil ainda bebê, fixando-se com a família no Rio de Janeiro. Aos 15 anos começou a trabalhar numa loja de chapéus. Em 1928 conheceu o compositor e violonista Josué de Barros, que a convidou para participar de um festival beneficente e mais tarde a levou para o rádio. A primeira gravação veio em 1929, pela Brunswick, tendo de um lado o samba "Não Vá Simbora" e o choro "Se o Samba É Moda", ambas de Josué. Carmen gravou alguns outros discos antes de estourar com seu primeiro grande sucesso, a marchinha "Pra Você Gostar de Mim (Taí)" (Joubert de Carvalho), que bateu recordes de venda, com 36.000 cópias. A partir daí, gravou diversos discos, fez cinema, trabalhou em dupla com sua irmã Aurora, fez parte da história do lendário Cassino da Urca, onde, em 1938 usou pela primeira vez o traje de baiana que a celebrizaria mundo afora. No Cassino conheceu um empresário norte-americano que a convenceu a ir para os Estados Unidos. Acompanhada pelo Bando da Lua, a maior estrela do Brasil deixou uma legião de fãs chorando na sua despedida e chegou à América em 1939 totalmente desconhecida e sem falar inglês. Em pouco tempo fez participações em programas de grande audiência, cantando músicas como "Mamãe Eu Quero", "Tico-tico no Fubá", "O Que É Que a Baiana Tem?" e "South American Way" e se tornou um fenômeno também nos EUA, onde chegou a ser a segunda estrela mais bem paga de Hollywood. No total, participou de dez filmes em Hollywood e ficou conhecida como a Brazilian Bombshell. Em 1940 voltou rapidamente ao Brasil, onde a população a recebeu com euforia, à exceção do público do Cassino da Urca, que a tratou com indiferença e frieza. Arrasada, Carmen encomendou uma música sobre a situação, e gravou "Disseram que Voltei Americanizada" (V. Paiva/ L. Peixoto). Depois disso voltou para os EUA e se radicou em Beverly Hills, onde continuou sua carreira de cantora e atriz de cinema e televisão. Em 1954 as pressões da indústria do entretenimento causaram uma crise de nervos, e a Pequena Notável veio ao Brasil para se tratar e descansar. Voltou para Beverly Hills em 55, e em agosto teve um colapso cardíaco e morreu, depois de passar mal em um programa de televisão. Seu corpo foi embalsamado e veio de avião para o Brasil, onde uma multidão de um milhão de pessoas seguiu o cortejo de seu enterro. Carmen continuou sendo sempre lembrada por meio de shows e discos de homenagens, filmes, documentários sobre sua vida (como o premiado "Banana Is My Business", de Helena Solberg). Seu acervo está preservado no Museu Carmen Miranda, no Rio de Janeiro.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Carnaval no Brasil

O carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII, sob influência das festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em alguns países, como a França, o carnaval acontecia em forma de desfiles urbanos, ou seja, os carnavalescos usavam máscaras e fantasias e saíam pelas ruas comemorando.
Certos personagens têm origem europeia, mas mesmo assim foram incorporados ao carnaval brasileiro como, por exemplo, rei momo, pierrô, colombina. 

A partir desse período, os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos cortejos de automóveis (corsos) foram criados, mas só se popularizaram no começo do século XX.
As pessoas decoravam seus carros, se fantasiavam e em grupos desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem assim aos carros alegóricos. O carnaval tornou-se mais popular no decorrer do século XX, e teve um crescimento considerável que ocorreu devido às marchinhas carnavalescas (músicas que faziam o carnaval ficar mais animado). 

A primeira escola de samba foi criada no dia 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, e se chamava “Deixa Falar”, anos depois seu nome foi modificado para Estácio de Sá. Com isso, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, foram surgindo novas escolas de samba. Organizaram-se em Ligas de Escolas de Samba e iniciaram os primeiros campeonatos para escolher qual escola era a mais bonita e a mais animada. A região nordeste permaneceu com as tradições originais do carnaval de rua, como Recife e Olinda. Já na Bahia, o carnaval fugiu da tradição, conta com trios elétricos, embalados por músicas dançantes, em especial o axé.

Veja a seguir os Estados que mais celebram o carnaval:
Rio de Janeiro
A folia carnavalesca carioca começa antes dos dias oficiais do carnaval. Já no mês de setembro começam os ensaios nas quadras das diversas escolas de samba da cidade.

No mês de dezembro a cidade já se agita com os denominados “ensaios de rua” e a mais nova criação “ensaios técnicos”, que levam milhares de pessoas ao Sambódromo todo final de semana. Os desfiles oficiais são realizados durante a data oficial do carnaval.
Pernambuco
Milhares de pessoas saem pelas ruas de Olinda e Recife, a maioria fantasiada e ao som do frevo (ritmo marcante do Estado).

O carnaval de Pernambuco conta com dezenas de bonecos gigantes, os foliões são extremamente animados. Uma das grandes atrações é o bloco carnavalesco “Galo da Madrugada”.
Bahia
O carnaval baiano é, sem dúvida, um dos mais calorosos e animados do Brasil e do mundo. Em especial na cidade de Salvador, onde se localiza os três principais circuitos carnavalescos: Dodô, Osmar e Batatinha.

Por esses circuitos passam mais de 150 blocos organizados, cerca de 2 milhões de pessoas durante os dias de festa. Normalmente esses blocos se apresentam com os trios elétricos e com cantores famosos.
São Paulo
O carnaval paulista é similar ao carnaval carioca. Acontece um grande desfile das escolas de samba da cidade. O desfile ocorre em uma passarela projetada por Oscar Niemeyer.

Há o desfile do Grupo Especial e do Grupo de Acesso, que acontecem na sexta-feira e no sábado, para não haver concorrência com o desfile do Rio de Janeiro.

Adoniran Brabosa

Adoniran Barbosa
Adoniran Barbosa nasceu em 06 de agosto de 1910, em Valinhos, SP. foi um colecionador nato de apelidos. Seu verdadeiro nome era João Rubinato - mas cada situação por ele vivida o transformava num novo personagem numa nova história.
 
Ele nos conta a vida de um típico paulistano, filho de imigrantes italianos, a sobrevivência do paulistano comum numa metrópole que corre, range e solta fumaça por suas ventas. Através de suas músicas, canta passagens dessa vida sofrida, miserável, juntando o paradoxo bom humor / realidade - para quê lamúrias?
 
Tirou de seu dia a dia a idéia e os personagens de suas músicas. Iracema nasceu de uma notícia de jornal - quando uma mulher havia sido atropelada na Avenida São João.
 
Adoniran nasceu e morreu pobre - todo o dinheiro que ganhou gastou ajudando ou comemorando sucessos com os amigos - seu combustível era a realidade - porque então querer viver fora dela? Talvez soubesse que o valor maior de suas canções eram interpretações como a de Elis ou Clara Nunes.
 
Foi um grande colecionador de amigos, com seu jeito simples de fala rouca, contador nato de histórias, conquistava o pessoal do bairro, dos freqüentadores dos botecos onde se sentava para compor o que os cariocas reverenciaram como o único verdadeiro samba de São Paulo. Mais do que sambista, Adoniran foi o cantor da integridade.